A Missão



Rothemburgo, 1271

Após alguns dias de viagem, partindo de nossa sede em Hamburgo, chegamos ao anoitecer ao maior dos portões de entrada da cidade de Rothemburgo. O portão Burgtor era usado como acesso e ao mesmo tempo como local de cobrança de impostos dos comerciantes que ali chegavam. Apesar do grande movimento, nossa entrada foi tranquila e rápida, já que nossa chegada era aguardada e fora anunciada previamente por um de nossos batedores. O portão de Burgtor foi escolhido por nosso anfitrião para a nossa entrada, por dar acesso direto aos jardins de seu palácio.

Nossa comitiva era composta por 40 homens, sendo 10 destes homens membros da guarda pessoal de nosso grão mestre - Burchard von Schwanden -  que veio pessoalmente fechar negócio com o burgomestre de Rothembrugo, e os outro 30 homens eram jovens recrutas em sua primeira viajem após o treinamento básico. Eles substituirão os membros do meu antigo grupo que agora serão liderados por outro marechal.

Desde os eventos em Lobnitz não pude mais liderar um grupo, muito embora Schwanden tenha me chamado constantemente para fazer parte de seu grupo como segundo em comando. Alguns dos meus irmãos de armas ainda torcem os narizes para mim, pois acham que isso soa como uma promoção por ficar próximo ao mestre. Mas ele, assim como eu, sabe que isso é uma tortura para mim. Essas viagens pelas cidades protegidas da Ordem são um tédio para o meu espírito guerreiro. Lutei contra os pagão eslavos e contra os ferozes mogóis. Tenho cicatrizes no corpo e em minh'alma. Sofro pela morte dos meus homens. Eles eram minha família.

Neste momento irmãos de outras ordens tem lutado no Oriente contra os sarracenos. Schwanden teima em não ajudá-los enquanto não dominar a Livônia. As constantes lutas contra os eslavos no norte tem minado nossos recursos, tanto em bens materiais quanto em material humano.

A proposta do burgomestre de Rothemburgo, um veterano guerreiro que havia peregrinado para a Terra Santa a alguns anos e feito riqueza ao regressar, pareceu oportuna para os cofres da Ordem. Schwanden revelou para mim o seu plano apenas quando estávamos próximo da cidade.

O burgomestre havia pedido à Ordem, que levassem seu filho para Veneza e de lá partisse em peregrinação rumo à Jerusalém. Para tal, ele pagaria uma quantia em dinheiro, terras para alguns soldados veteranos e isenção de impostos para nossos produtos em sua cidade. Claro que com estas condições ele desejava que a negociação fosse acertada em segredo, pois o conselho dos burgueses poderia entender que o burgomestre estaria comprometendo mais do que ele poderia.

O pagamento seria feito em sigilo e a viajem de seu filho também seria realizada em sigilo, para que não despertasse a cobiça de bandidos desejosos em sequestrá-lo e exigir um gordo resgate. Como minha situação em nosso castelo estava difícil, pois minha reputação estava abalada, o grão-mestre decidiu que eu deveria levar o filho do burgomestre para Veneza, nos juntarmos aos Cruzados liderados pelos príncipes Luís da França e Eduardo da Inglaterra que se dirigiam para a ilha de Chipre e de lá partiriam para Acre e depois lançariam um ataque à Jerusalem libertando-a dos infiéis.

Não tive outra alternativa, aceitei a missão, mesmo que isso significasse servir de protetor de um filho mimado de um comerciante. Qualquer coisa era melhor que a situação em que me encontrava, longe das batalhas. E morrer na Terra Santa seria uma forma de pagar meus pecados... mas não antes de mandar alguns sarracenos para o inferno primeiro.

Ao chegarmos nos jardins do palácio, os serviçais do burgomestre logo nos ajudaram com os cavalos e nossas bagagens. Os soldados foram logo montando as barracas coordenados pelo sargento, geralmente o mais experiente em combate. A governanta nos guiou - Schwanden e eu - para os nossos aposentos onde nos limpamos e nos preparamos para o jantar que nos esperava.

A Seguir: O Jantar

Trilha sonora do episódio:


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